História

A Escola Normal Carmela Dutra foi criada em 26 de junho de 1946. Era um período de imediato pós-Segunda Guerra Mundial em que o planeta estava dividido entre o bloco capitalista, liderado pelos EUA e o bloco Socialista, liderado pela URSS. A fervorosa católica Carmela Dutra, já havia se tornado centro das atenções e investigações do FBI no Brasil por sua atuação nos bastidores políticos durante a ditadura de Getúlio Vargas (1937 -1945i), continuava sua atuação agora como primeira dama do Brasil, depois da eleição para Presidente da República do seu marido, o General e ex-Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra. Com a divisão do mundo entre capitalistas e socialistas, e por conta da força do seu nome, foi imputada a ela a responsabilidade pelo fechamento do Partido Comunista Brasileiro (1947) e pela proibição dos jogos de azarii (Lei até hoje em vigor). Entretanto, a força desse nome também seria testado dentro da área da Educação, onde ela, também conhecida como Dona Santinha, também atuava como professora de artes.
À princípio, apenas o afamado Instituto de Educação (IE) mantinha a exclusividade de formação de professores normalistas na capital do país, mas, depois de uma escândalo onde quase duas centenas de candidatas aprovadas que não puderam se matricular na unidade tijucana já lotada, o Secretário de Educação e Saúde Fioravanti do Piero, médio pessoal de Dn. Carmela, propôs a criação de uma nova escola a ser instalada na “Zona suburbana remota e de difícil acesso”, no coração do bairro mais populoso da Capital: Madureira. Iniciou-se a partir daí uma série de conflitos entre políticos, jornalistas, educadores, pais e alunos. Afinal, ser normalista nos anos 1940 significava ter a melhor educação do país, ser respeitado (a) pelo uso do místico uniforme de saia pregueada, ter conhecimento científico e humanista, além de ter o privilégio de se tornar servidor público automaticamente depois de se formar. Porém, aos olhos de muitas pessoas ligadas a todos esses ramos que citamos, tais direitos não deveriam ser divididos, muito menos com uma escola a ser instalada na fronteira com a Zona Rural.

As disputas sobre o direito de usar ou não o uniforme de normalista, a criação do emblema, a quebra da exclusividade da uma instituição icônica, as querelas políticas e pessoais, as disputas entre projetos educacionais para o país, as discussões de especialistas e não especialistas em ensino, as tensões sobre o fechamento da ENCD, a criação do apelido de “carmelitas”, entre outros fatos interessantes, são o ambiente em que a escola se desenvolve enquanto esteve submetida ao Instituto de Educação. Entretanto, em 1953, quando se discutia o fechamento da ENCD e a absorção de seus alunos no IE, se impôs uma espécie de ultimato: independência ou morte! A ENCD então se tornou administrativamente autônoma e passou a responder diretamente à Secretaria de Educação e Saúde, e não mais ao IE.

Desde 2004, contudo, a ENCD foi transformada em Instituto de Educação Carmela Dutra. Além disso, considerando que o atual ISERJ não forma mais professores primários de nível médio desde o ano 2000, o IECD é, atualmente, a escola de formação de normalistas mais antiga do Rio de Janeiro.

Para saber mais:
SOUZA LIMA, Fábio. As Normalistas Chegam ao Subúrbio – A história da Escola Normal Carmela Dutra: Da criação à autonomia administrativa (1946-1953). Editora All Print, São Paulo, 2016.

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