À princípio, apenas o afamado Instituto de Educação (IE) mantinha a exclusividade de formação de professores normalistas na capital do país, mas, depois de uma escândalo onde quase duas centenas de candidatas aprovadas que não puderam se matricular na unidade tijucana já lotada, o Secretário de Educação e Saúde Fioravanti do Piero, médio pessoal de Dn. Carmela, propôs a criação de uma nova escola a ser instalada na “Zona suburbana remota e de difícil acesso”, no coração do bairro mais populoso da Capital: Madureira. Iniciou-se a partir daí uma série de conflitos entre políticos, jornalistas, educadores, pais e alunos. Afinal, ser normalista nos anos 1940 significava ter a melhor educação do país, ser respeitado (a) pelo uso do místico uniforme de saia pregueada, ter conhecimento científico e humanista, além de ter o privilégio de se tornar servidor público automaticamente depois de se formar. Porém, aos olhos de muitas pessoas ligadas a todos esses ramos que citamos, tais direitos não deveriam ser divididos, muito menos com uma escola a ser instalada na fronteira com a Zona Rural.
As
disputas sobre o direito de usar ou não o uniforme de normalista, a
criação do emblema, a quebra da exclusividade da uma instituição
icônica, as querelas políticas e pessoais, as disputas entre
projetos educacionais para o país, as discussões de especialistas e
não especialistas em ensino, as tensões sobre o fechamento da ENCD,
a criação do apelido de “carmelitas”, entre outros fatos
interessantes, são o ambiente em que a escola se desenvolve enquanto
esteve submetida ao Instituto de Educação. Entretanto, em 1953,
quando se discutia o fechamento da ENCD e a absorção de seus alunos
no IE, se impôs uma espécie de ultimato: independência ou morte! A
ENCD então se tornou administrativamente autônoma e passou a responder diretamente à Secretaria de Educação e Saúde,
e não mais ao IE.
Desde
2004,
contudo, a ENCD foi transformada em Instituto de Educação Carmela
Dutra. Além disso, considerando que o atual ISERJ não forma mais
professores primários de nível médio desde o ano 2000, o IECD é,
atualmente, a escola de formação de normalistas mais antiga do Rio
de Janeiro.
SOUZA
LIMA, Fábio. As Normalistas Chegam ao
Subúrbio – A história da Escola Normal
Carmela Dutra: Da criação à autonomia administrativa (1946-1953).
Editora All Print, São Paulo, 2016.
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